Críticas ao ministro Carlos Fávaro dividem parlamentares; Wilson rebate e cobra conhecimento técnico de colega.
A sessão plenária desta quarta-feira (30) na Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT) foi palco de um confronto verbal entre os deputados estaduais Adenilson Rocha (PSDB) e Wilson Santos (PSDB). O motivo da discórdia foi a condução do ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro (PSD), em relação à Ferrogrão — ferrovia planejada para ser um dos principais corredores de exportação do país, ligando Mato Grosso aos portos do Pará.
Ao usar a tribuna, Adenilson, atualmente suplente no lugar do deputado Paulo Araújo (PP), acusou Fávaro de negligência com o setor produtivo e o responsabilizou diretamente pelo impasse que trava o avanço das obras da Ferrogrão, paralisadas por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF).
“Gostaria de falar sobre o abandono que o Fávaro está fazendo com o agronegócio. Ele deveria estar defendendo o agro, mas vem abandonando o setor produtivo. Hoje, o que Fávaro faz, é conversar com o MST, articular invasão de terras e não senta com o produtor”, afirmou.
Adenilson ainda chamou o ministro de “incompetente” por, segundo ele, não conseguir sequer marcar uma reunião com ministros do STF para tentar destravar a obra:
“É simples, mas ele não tem competência para isso.”
Wilson Santos rebate com experiência e cobra preparo
A resposta veio em tom firme de Wilson Santos, veterano da política estadual e ex-prefeito de Cuiabá. Para ele, a fala do colega tucano desconsidera a complexidade do projeto e tenta imputar responsabilidade indevida a Fávaro.
“A construção da Ferrogrão é um processo longo, técnico, e não depende apenas de vontade política. Nem o presidente Jair Bolsonaro, com toda sua base no Congresso e apoio do agro, conseguiu avançar nisso. Há décadas se luta por essa ferrovia”, afirmou.
Wilson citou o senador Vicente Vuolo, um dos maiores defensores históricos das ferrovias em Mato Grosso, como exemplo da complexidade envolvida:
“Vuolo morreu tentando trazer a ferrovia até Cuiabá. É injusto e raso culpar um único ministro por algo que depende de estudos ambientais rigorosos, disputas judiciais e interesses geopolíticos internacionais.”
Ferrogrão travada
A obra da Ferrogrão (EF-170) está paralisada por decisão liminar do STF desde 2021, que suspendeu trecho da Lei nº 13.452/2017, que alterou os limites do Parque Nacional do Jamanxim para viabilizar o traçado da ferrovia. O processo segue em análise judicial.
O embate entre os parlamentares reflete não apenas a polarização política em torno da gestão federal, mas também a pressão regional para a retomada de obras estruturantes em Mato Grosso, em especial na região norte, considerada estratégica para o escoamento da produção agrícola brasileira.