Contrato de R$ 34 milhões por mês garante autonomia à instituição; disputa sobre contratação de concursados gera polêmica na Assembleia.
O governador de Mato Grosso, Mauro Mendes (União Brasil), afirmou na quarta-feira (23) que o governo estadual não irá interferir na gestão do novo Hospital Central de Cuiabá, cuja administração foi oficializada com a Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein. O contrato, firmado na última terça-feira (22), prevê o repasse de R$ 34 milhões mensais à entidade, com previsão de início das operações do hospital em setembro deste ano.
Segundo Mendes, o Albert Einstein terá total autonomia para conduzir a administração, incluindo a liberdade de contratação de profissionais, sem qualquer influência política ou indicações por parte do Estado.
“O governo do Estado de Mato Grosso não vai, sob hipótese alguma, interferir em quem ele [Albert Einstein] contrata com indicações, etc. Preza-se pela boa relação. Nós confiamos em quem nós contratamos e eles terão toda a liberdade”, declarou o governador.
Ainda de acordo com ele, há expectativa de que grande parte das contratações seja feita em Mato Grosso, desde que os profissionais atendam ao padrão exigido pelo hospital.
“Se eles encontrarem aqui, no padrão que eles desejam, no padrão que é necessário ter no hospital, eu acredito que eles vão contratar 100% do mercado mato-grossense”, completou.
Debate na Assembleia Legislativa
A gestão do Hospital Central foi autorizada pela Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT) no dia 16 de abril. No entanto, uma emenda apresentada pelo deputado Lúdio Cabral (PT) gerou polêmica. Ela previa que os cargos do hospital fossem ocupados, prioritariamente, por servidores concursados do Estado, cedidos à organização social.
A proposta foi rejeitada pela maioria dos deputados, sendo apoiada apenas por Lúdio Cabral, Valdir Barranco (PT), Wilson Santos (PSD), Janaina Riva (MDB) e Fabinho (PSB). Os demais parlamentares argumentaram que a medida interferiria na autonomia da entidade contratada.
O deputado Gilberto Cattani (PL) criticou a emenda e defendeu o modelo de gestão privada:
“Não faz sentido vincular concursados a uma organização social que tem sua própria lógica de funcionamento. Isso fere a liberdade e a eficiência da gestão”, afirmou.
Lúdio Cabral, por sua vez, alega que o projeto contém ilegalidades, como a ausência de chamamento público e de credenciamento prévio da entidade gestora, o que, segundo ele, viola princípios de legalidade e transparência.
A parceria entre o governo de Mato Grosso e o Hospital Albert Einstein é considerada uma das maiores da saúde pública estadual e promete elevar o padrão de atendimento de alta complexidade na capital.