Parlamentar denuncia lobby e destaca desigualdades em entrevista
A deputada federal Gisela Simona (União) fez duras críticas aos benefícios adicionais concedidos ao Judiciário e à classe política no Brasil. Durante uma entrevista ao programa Notícia De Frente, da TV Vila Real, na manhã desta sexta-feira (27), a parlamentar apontou a influência de lobbies organizados como principal obstáculo para combater os privilégios.
“O lobby é muito forte. Vejam que a PEC 45, que previa o corte de alguns privilégios envolvendo a magistratura e o Ministério Público, sofreu intensa pressão. Não houve deputado que não tenha sido abordado por esses grupos para justificar suas despesas. Reconheço a importância de cada ente no seu papel, mas o país não aguenta mais”, afirmou Gisela.
A fala da deputada ocorre no contexto da polêmica do “vale-peru”, benefício exclusivo de R$ 10.055 pago a desembargadores, juízes e servidores do Poder Judiciário do Mato Grosso em dezembro. A medida, autorizada pela presidente do Tribunal de Justiça do Estado (TJMT), Clarice Claudino, gerou ampla repercussão negativa.
Críticas à desigualdade de benefícios
Gisela também ressaltou a disparidade entre os privilégios do Judiciário e a realidade econômica da população brasileira. “O teto constitucional de R$ 44 mil já é elevado, e ainda assim vemos juízes recebendo até R$ 200 mil mensais. Isso é inconcebível em um país onde o salário mínimo está congelado em valores baixos”, declarou.
A deputada mencionou os inúmeros auxílios concedidos, como auxílio-livro, auxílio-paletó e plano de saúde custeado integralmente. “Esses benefícios são incompatíveis com a realidade de um país pobre. Quem tem um bom salário não precisa de tantos incentivos adicionais”, criticou.
As declarações de Gisela reforçam a necessidade de uma discussão ampla sobre os privilégios no serviço público e o impacto dessas regalias nas contas públicas e na percepção da sociedade sobre a Justiça e a política no Brasil.