Depoimento sobre Operação Panaceia reforça segmentação de responsabilidades em contratos suspeitos.
A ex-secretária-adjunta de Unidades Especializadas da Secretaria de Saúde de Mato Grosso (SES-MT), Carolina Campos Dobes Conturbia Neves, declarou em depoimento à Polícia Federal que todas as decisões sobre contratos passavam pela assinatura do secretário estadual de Saúde. Carolina, servidora concursada e um dos alvos da Operação Panaceia, detalhou suas funções e reafirmou que não participava de processos licitatórios.
Depoimento e atribuições
O depoimento foi dado voluntariamente por videoconferência nesta segunda-feira (9), com a presença do delegado Irineu Dias Tavares e de seu advogado, Ricardo Monteiro. Carolina explicou que sua atuação na SES-MT era voltada exclusivamente à gestão hospitalar.
“Eu recebia as solicitações, mas não fazia levantamento de preços nem participava de processos licitatórios. As demandas chegavam como protocolo e eram encaminhadas à Secretaria Adjunta de Aquisição e Finanças”, afirmou.
A ex-secretária justificou que seu nome aparecia em documentos relacionados a contratos suspeitos porque esses protocolos passavam por sua subsecretaria antes de seguirem às áreas responsáveis e, por fim, ao secretário, que tinha a autoridade final para assinar.
Paralelo com casos anteriores
O advogado de Carolina, Ricardo Monteiro, comparou o caso à Operação Espelho, que investigou irregularidades no Hospital Metropolitano, em Várzea Grande. Na época, Carolina também foi investigada, mas teve sua inocência reconhecida pela Justiça Federal.
“Naquela ocasião, ficou comprovado que Carolina não assinava nem tinha poder de decisão. O caso foi arquivado em relação a ela após o juiz reconhecer que sua função era puramente técnica”, destacou Monteiro.
Afastamento e exoneração
Carolina foi afastada do cargo por determinação judicial após a deflagração da Operação Panaceia, na última sexta-feira (6). Segundo relato da ex-secretária, o atual secretário de Saúde solicitou sua renúncia alegando desgaste político ao governo. No mesmo dia, Carolina foi exonerada a pedido, com publicação em edição extra do Diário Oficial.
Desdobramentos da operação
A Operação Panaceia investiga desvio de recursos públicos do Sistema Único de Saúde (SUS). Na ação, o diretor do Hospital Regional de Cáceres, Onair Nogueira, foi preso. Além disso, a Justiça bloqueou R$ 5,5 milhões das contas de 12 investigados e determinou o cumprimento de 15 mandados de busca e apreensão.
