Secretário Fábio Garcia critica medida, mas defende responsabilização de Emanuel Pinheiro pelo caos no setor.
A possibilidade de uma nova intervenção na Saúde de Cuiabá, proposta pelo procurador-geral de Justiça, Deosdete Cruz Junior, gerou reações adversas nesta sexta-feira (29). O secretário-chefe da Casa Civil, Fábio Garcia, posicionou-se contra a medida, argumentando que a proximidade da troca de gestão municipal inviabiliza uma ação dessa magnitude.
A crise no setor, marcada por superlotação e aumento no risco de infecções e óbitos, vem sendo monitorada pelo Ministério Público Estadual (MPE), que solicitou uma análise urgente ao Tribunal de Contas do Estado (TCE) para averiguar irregularidades na prestação dos serviços de saúde. Caso as falhas não sejam resolvidas rapidamente, o MPE avalia a possibilidade de requerer novas intervenções ou outras medidas restritivas.
Fábio Garcia: “Intervenção não é o caminho agora”
Em entrevista, Garcia defendeu que, a 30 dias da posse do novo prefeito Abílio Brunini (PL), uma intervenção seria contraproducente.
“Talvez possamos adotar uma medida menos enérgica neste momento. A intervenção traria mudanças na estrutura da Secretaria de Saúde, mas, em breve, a nova gestão fará outras alterações. O governo estadual está disposto a dialogar com o Ministério Público para amenizar o problema sem medidas drásticas”, declarou.
Embora rejeite a intervenção, Garcia responsabilizou o prefeito Emanuel Pinheiro (MDB) pela situação crítica.
“O caos na saúde pública é resultado direto da má gestão do prefeito Emanuel Pinheiro. Em oito anos, a Saúde de Cuiabá enfrentou várias operações por suspeitas de corrupção e desvio de recursos. Ele deve ser responsabilizado por essa situação,” criticou o secretário.
Em nota oficial, a Prefeitura de Cuiabá também rejeitou a intervenção, destacando que o momento requer diálogo e cooperação entre o município, o Estado e o MPE. A administração argumenta que a crise no setor é agravada pelo atendimento de pacientes de outros municípios, que representam mais de 60% dos usuários do SUS na capital.
“A equipe de transição já está em ação, garantindo transparência para a próxima gestão. Uma intervenção, neste momento, prejudica a preparação de uma base sólida para o futuro governo,” diz a nota.
A Prefeitura também rebateu críticas sobre a regulação de pacientes, afirmando que mudanças realizadas durante a intervenção estadual de 2023 limitaram a competência municipal no fluxo entre UPAs e hospitais.