Medida da multinacional francesa é vista com receio pelos produtores brasileiros; Mapa defende rigor ambiental e sustentabilidade na produção nacional.
O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) se manifestou oficialmente após a Danone, gigante francesa de laticínios e alimentos, anunciar a suspensão da importação de soja do Brasil. O posicionamento da empresa, que alegou preocupações ambientais, gerou descontentamento entre os produtores brasileiros e reacendeu o debate sobre a legislação ambiental do país e as exigências do novo regulamento da União Europeia contra o desmatamento.
Em sua nota, o Mapa destacou que o Brasil “tem uma das legislações ambientais mais rigorosas do mundo”, enfatizando que a produção agrícola nacional é amparada por um sistema de fiscalização e controle que coíbe o desmatamento ilegal. O documento defendeu que o Brasil emprega uma estrutura robusta de monitoramento, capaz de combater o desmatamento nas regiões sensíveis do Cerrado e da Amazônia e assegurar uma agricultura sustentável.
“O Brasil conta com uma das legislações ambientais mais rigorosas do mundo, apoiada por um sistema de comando e controle eficiente e respaldado por uma complexa estrutura de monitoramento e fiscalização”, pontuou o Ministério. “Esse sistema tem permitido ao país combater o desmatamento ilegal com políticas públicas que abrangem o Cerrado, a Amazônia e outras regiões sensíveis, assegurando que a produção agrícola seja feita de maneira responsável e sustentável.”
A decisão da Danone vem à tona enquanto a União Europeia discute a prorrogação do prazo para implementação de sua nova lei anti-desmatamento. Com entrada em vigor prevista para os próximos 12 meses, a legislação proíbe a importação de produtos provenientes de áreas desmatadas, sejam elas legal ou ilegalmente, exigindo ainda que exportadores comprovem a origem e a sustentabilidade dos produtos ao longo de toda a cadeia produtiva.
Em setembro, Carlos Fávaro, ministro da Agricultura (PSD), assinou uma carta ao lado de representantes de outros países para pedir a suspensão da lei europeia, numa tentativa de aliviar as restrições e promover uma cooperação mais ampla entre o Brasil e o mercado europeu. Durante o encontro do Grupo de Trabalho de Agricultura do G20, realizado em Chapada dos Guimarães, Mato Grosso, Fávaro reiterou o compromisso do Brasil com a sustentabilidade e a meta de desmatamento zero até 2030.
“Com cerca de 40 milhões de hectares de pastagens de baixa produtividade aptas para a agricultura, o Brasil tem potencial para praticamente dobrar a produção de alimentos nos próximos dez anos sem recorrer a novas áreas desmatadas. Mas precisamos da ajuda da União Europeia para dar continuidade a este programa,” destacou o ministro.
A resposta do Mapa e a postura de Fávaro revelam o desafio brasileiro em equilibrar o crescimento agrícola com as demandas ambientais globais, num momento em que os produtores e o governo buscam reafirmar o compromisso do país com práticas sustentáveis.
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