Investigação revelou um prejuízo de R$ 11,3 milhões para o município; vereador e servidores estão entre os envolvidos.
Na manhã desta sexta-feira (20), o Departamento de Água e Esgoto de Várzea Grande (DAE-VG) foi alvo da Operação Gota d’Água, deflagrada pela Polícia Civil com o objetivo de desarticular um esquema criminoso que vinha operando desde 2019. Ao todo, foram cumpridos 123 mandados, incluindo prisões preventivas, buscas, apreensões, afastamentos de servidores e o bloqueio de bens e valores.
A investigação, conduzida pela Delegacia de Combate à Corrupção (Deccor), foi iniciada após uma denúncia apresentada pelo prefeito Kalil Baracat. O alerta foi feito pelo presidente do DAE, Carlos Alberto Simões Arruda, que reportou as suspeitas ao Ministério Público e à Deccor, resultando na operação.
A investigação revelou um esquema no qual servidores públicos cobravam propina para a execução de serviços que deveriam ser gratuitos para os consumidores do DAE. Além disso, auditorias apontaram a exclusão ilegal de débitos e a redução indevida de faturas de água mediante pagamento, o que gerou um prejuízo de R$ 11,3 milhões à autarquia.
Entre os bens sequestrados pela Justiça estão seis imóveis e 26 veículos pertencentes aos 22 investigados. As contas bancárias dos envolvidos também foram bloqueadas para ressarcir os danos causados ao município.
A operação apontou que o esquema criminoso era liderado por dois personagens principais: um vereador de Várzea Grande, cujo nome não foi divulgado, e o chefe da Diretoria Comercial do DAE. O vereador usava sua posição para pressionar politicamente e garantir o funcionamento do esquema, enquanto o chefe do setor era responsável por orquestrar as fraudes dentro do departamento.
Desde 2019, a organização criminosa criava dificuldades artificiais para os moradores de Várzea Grande acessarem serviços de saneamento básico, como a ligação de água, exigindo propina em troca da realização dos serviços. Em várias ocasiões, servidores da Diretoria Comercial apenas realizavam o trabalho rotineiro mediante pagamento indevido, sob o conhecimento e aprovação dos líderes do esquema.
A Operação Gota d’Água expôs a profundidade da corrupção no DAE-VG e destacou como a estrutura pública foi usada para beneficiar interesses privados e políticos, afetando diretamente a população que dependia dos serviços de saneamento básico no município.
A ação segue com novas diligências, e o Ministério Público já está analisando as provas colhidas, o que pode resultar em mais prisões e no aprofundamento das investigações sobre a participação de agentes públicos e políticos.