Procuradora Eunice Helena Rodrigues de Barros e promotoras Lindinalva Correia Rodrigues e Sasenazy Soares Daufenbach encabeçam lista sêxtupla; decisão final será de Mauro Mendes.
Em um marco histórico para o Ministério Público de Mato Grosso (MPMT), a procuradora de Justiça Eunice Helena Rodrigues de Barros e as promotoras Lindinalva Correia Rodrigues e Sasenazy Soares da Rocha Daufenbach foram as mais votadas para compor a lista sêxtupla na disputa pela vaga de desembargador no Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT), por meio do quinto constitucional. As três candidatas receberam 8 votos cada, ficando à frente dos demais concorrentes.
A lista será analisada pelo TJMT, que selecionará três nomes para enviar ao governador Mauro Mendes (União), responsável por nomear o novo desembargador. A vaga está aberta após a aposentadoria compulsória do desembargador Paulo da Cunha, que completou 75 anos no dia 30 de agosto.
Além das três mais votadas, a lista sêxtupla inclui o promotor Wesley Lacerda, que também recebeu 8 votos, mas ficou atrás das três líderes devido a critérios de antiguidade. As promotoras Valnice Silva dos Santos, com 7 votos, e Ana Luiza Avila Peterlini de Souza, com 6, completam a lista. Peterlini garantiu seu lugar devido à antiguidade, ultrapassando a promotora Januária Dorileo, que obteve o mesmo número de votos.
Maria Fernanda Corrêa da Costa e Fernanda Vasconcelos não conseguiram entrar na lista final. Nos bastidores, comenta-se que a estratégia adotada por quatro membros do Conselho Superior que votaram apenas em três nomes visava garantir a inclusão de Wesley Sanches, evitando que ficasse de fora pelo critério de desempate.
A votação ocorreu em meio a uma crescente mobilização interna por equidade de gênero dentro do MPMT. Havia a expectativa de que, pela primeira vez, uma lista composta exclusivamente por mulheres fosse formada. No entanto, a política de equidade de gênero proposta recentemente foi rejeitada pelo Conselho Superior do MPMT, que possui apenas uma mulher entre seus membros.
A proposta, rejeitada pelo Conselho, visava criar uma lista exclusiva de mulheres para promoções ao cargo de procurador e para o quinto constitucional, em alternância com listas mistas, nos moldes do que já foi aprovado pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ). O procurador Marcelo Ferra chegou a criticar, antes da votação, o que chamou de possíveis articulações para excluir mulheres com potencial força dentro do TJMT da lista final.
Agora, a lista será encaminhada para o TJMT, onde os 39 desembargadores da Corte votarão nos três nomes que comporão a lista tríplice. Esses nomes serão submetidos ao governador Mauro Mendes, que fará a escolha final e nomeará o novo desembargador.
A disputa para a vaga no TJMT, ocupada por Paulo da Cunha até sua aposentadoria, ganha contornos de uma luta por representatividade e equidade de gênero, especialmente após a rejeição de uma política que visava ampliar a presença feminina nos altos cargos do Judiciário.