Saúde da população de Cáceres e regiões adjacentes é comprometida devido à alta concentração de poluentes.
Pesquisadores da Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat) emitiram um alerta preocupante sobre os efeitos da fumaça dos incêndios florestais na saúde das populações de Cáceres e outras áreas do Pantanal mato-grossense. A nota técnica revela que, apesar dos incêndios serem uma ocorrência comum durante a estiagem, a intensidade atual está tendo um impacto significativamente negativo na qualidade do ar e na saúde pública.
A nota destaca que os efeitos da fumaça já são visíveis em Cáceres, com um aumento nos atendimentos médicos relacionados a problemas respiratórios e agravamento de condições como asma, bronquite e pneumonias. “Os relatos de dificuldades respiratórias e o aumento nas internações são alarmantes”, afirmam os pesquisadores do curso de ciências biológicas da Unemat.
A composição da fumaça, que inclui monóxido de carbono, material particulado e metais pesados como chumbo e mercúrio, é particularmente prejudicial à saúde. Essas substâncias tóxicas podem causar efeitos agudos e crônicos, principalmente em grupos vulneráveis como crianças, idosos, gestantes e pessoas com doenças respiratórias pré-existentes.
Um estudo colaborativo entre a Unemat, a Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) e a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) mostrou um aumento de 10% nas internações por pneumonia e insuficiência respiratória em Tangará da Serra devido às queimadas. A situação em Cáceres é similar, com a cidade coberta por uma densa camada de fumaça. Um monitoramento realizado pelo Governo Federal revelou uma concentração de material particulado 15 vezes superior ao limite recomendado pelo Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama), indicando sérios riscos para a saúde respiratória e cardiovascular da população.
Em resposta à crise, o Governo do Estado decretou situação de emergência em 58 municípios, incluindo Cáceres, e o Governo Federal reconheceu a gravidade da situação.
Recomendações dos pesquisadores da Unemat:
- Evitar trabalhos extenuantes ou prolongados.
- Reforçar a hidratação para proteger as vias respiratórias.
- Manter ambientes internos limpos e, se possível, utilizar filtros de ar limpos.
- Se usar ar-condicionado, manter a entrada de ar fresco fechada e o filtro limpo.
- Evitar ambientes fechados sem ar-condicionado em climas quentes; considerar abrigos alternativos.
- Em veículos, usar o modo de recirculação do ar-condicionado para minimizar a entrada de fumaça.
- Evitar atividades que aumentem a poluição interna, como o uso de lareiras e velas.
- Incentivar a cessação do tabagismo para reduzir a poluição pulmonar.
- Procurar atendimento médico ao apresentar novos sintomas respiratórios ou cardiovasculares.
- Suspender atividades ao ar livre em escolas e instituições de ensino para proteger a saúde de alunos e profissionais.
- Adequar os parâmetros de risco relacionados à inalação de material particulado (MP 2,5), alinhando-os às recomendações da OMS e outros órgãos de saúde.
A situação é crítica e demanda a colaboração de todos para minimizar os impactos dos incêndios florestais na saúde pública.