Proprietário do Dallas Bar é retornado à prisão após decisão que revela omissão da defesa sobre condições de tratamento.
Nesta quarta-feira (28), o desembargador Luiz Ferreira da Silva, da Terceira Câmara Criminal do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT), revogou a prisão domiciliar concedida a William Aparecido da Costa Pereira, conhecido como “William Gordão”, proprietário do Dallas Bar. A decisão vem após a revelação de que seus advogados induziram o juiz ao erro ao alegar que a Penitenciária Central do Estado (PCE) não oferecia condições adequadas para o tratamento pós-operatório do empresário.
William foi preso no dia 5 de junho durante a Operação Ragnatela, uma investigação que desmantelou uma rede de lavagem de dinheiro do Comando Vermelho em casas noturnas de Cuiabá. Após ser submetido a uma cirurgia na córnea, seus advogados alegaram a necessidade urgente de prisão domiciliar, argumentando que a PCE não seria capaz de fornecer o tratamento necessário. A alegação levou à concessão da prisão domiciliar pelo juiz da primeira instância.
No entanto, o desembargador Luiz Ferreira descobriu que as informações fornecidas pela defesa estavam incorretas. Após a decisão inicial, a PCE foi questionada e confirmou que, de fato, poderia oferecer os cuidados pós-cirúrgicos necessários a William. A unidade prisional providenciou uma avaliação médica oftalmológica e confirmou que a estrutura do Raio 8 da penitenciária é adequada para o tratamento.
Em sua decisão, o desembargador observou que “os advogados omitiram informações recentes sobre as condições de tratamento na PCE”. Com base nisso, ele revogou a liminar que havia concedido a prisão domiciliar, determinando que William retornasse à prisão. O magistrado destacou que, com os cuidados adequados disponíveis na PCE, não havia justificativa para manter a prisão em regime domiciliar.
Operação Ragnatela
A Operação Ragnatela, realizada pela Força Integrada de Combate ao Crime Organizado de Mato Grosso (FICCO/MT), resultou na prisão de 8 pessoas e no cumprimento de 36 mandados de busca e apreensão em Mato Grosso e no Rio de Janeiro. A operação desmantelou uma rede do Comando Vermelho que utilizava casas noturnas em Cuiabá, como o Dallas Bar, para lavar dinheiro do crime.
Durante a operação, aproximadamente 400 policiais participaram das ações, que incluíram sequestro de imóveis e veículos, bloqueio de contas bancárias e afastamento de servidores públicos. As investigações revelaram que as casas noturnas eram usadas para promover shows com cantores conhecidos, financiados pela facção criminosa. A operação também revelou que a facção exercia influência sobre a contratação de artistas, impedindo a presença de artistas de outros estados que poderiam representar uma ameaça de outras organizações criminosas rivais.