Pesquisa revela estratégia detalhada e estrutura de mapeamento da facção criminosa.
A facção Primeiro Comando da Capital (PCC) está conduzindo um levantamento nacional para quantificar seus membros e planejar investimentos e alianças com outras facções. A informação foi revelada em uma matéria do site BBC e analisada pela pesquisadora Camila Nunes Dias, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPA) e da Universidade de São Paulo (USP).
Desde 2016, o PCC tem realizado um “censo” para mapear sua presença e influência no Brasil, inicialmente focando na região Sudeste e nos estados do Acre, Amazonas e Pará. O levantamento permite à facção centralizar dados sobre suas operações e definir estratégias de expansão e alocação de recursos. Cada presídio onde o PCC atua possui uma liderança, chamada de “sintonia”, responsável por coletar e enviar informações sobre membros, inimigos e aliados para uma “sintonia regional”.
Esse mapeamento é atualizado a cada 15 dias, mas pode ser interrompido por prisões de lideranças. A facção utiliza essas informações para identificar áreas de fragilidade e oposições, direcionando recursos e estratégias para fortalecer sua presença onde necessário.
Camila Nunes Dias destaca que o “censo” do PCC demonstra um nível de organização incomum entre facções criminosas, possibilitando um controle estratégico sobre suas operações. A facção realiza “projetos” em locais onde busca expansão, oferecendo drogas e altos lucros a criminosos locais em troca de adesão ao PCC.