MT lidera taxa de feminicídios no Brasil; Agosto Lilás destaca a importância da conscientização

Em um ano marcado pela maturidade da Lei Maria da Penha, defensora pública enfatiza a importância de acreditar nas vítimas.

Em 2023, Mato Grosso se destacou negativamente ao registrar a maior taxa de feminicídios do país, com 2,5 mulheres assassinadas a cada 100 mil habitantes, quase o dobro da média nacional. O mês de agosto, conhecido como Agosto Lilás, reforça a campanha de conscientização para o fim da violência contra a mulher, coincidindo com o 18º aniversário da Lei Maria da Penha, que visa proteger as vítimas e punir agressores.

A defensora pública Rosana Leite, coordenadora do Núcleo de Defesa da Mulher (Nudem) em Cuiabá, ressalta que um dos maiores desafios na luta contra a violência de gênero é acreditar nas vítimas. Ela explica que a violência não se limita às marcas físicas evidentes, como hematomas, mas pode manifestar-se de formas mais sutis, como violência psicológica, patrimonial, sexual e moral.

“Quando se fala em violência contra mulheres, a imagem que vem à mente é a de uma mulher com o olho roxo. No entanto, essa é apenas uma das muitas formas de violência que podem ocorrer. Muitas vezes, o sofrimento não deixa marcas visíveis, e a própria vítima pode não reconhecer que está sendo abusada”, destaca Rosana Leite.

O Nudem oferece atendimento especializado a mulheres em situação de violência, proporcionando orientações jurídicas e suporte multidisciplinar. O núcleo atende casos que vão além das agressões físicas, ajudando mulheres a entenderem se estão vivenciando formas de violência menos visíveis.

“Muitas mulheres que nos procuram estão em dúvida sobre se realmente foram vítimas de violência. Isso revela a dificuldade em reconhecer o abuso. Se você se sentiu humilhada, constrangida ou agredida, você já é uma vítima de violência”, afirma Rosana.

Ela explica que sair de um ciclo de violência é extremamente desafiador. A dependência financeira, ameaças e o descrédito social muitas vezes impedem que as mulheres deixem relacionamentos abusivos. “A sociedade muitas vezes não valida a experiência das mulheres, e a cultura do estupro pode levar as vítimas a acreditar que não merecem se afastar de seus parceiros”, acrescenta.

Dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública indicam que, apesar de uma redução de 2,1% na taxa de feminicídios em Mato Grosso, o índice ainda é alarmante. O agressor pode ser qualquer pessoa, e qualquer mulher pode ser uma vítima, reforçando a importância da denúncia e do acolhimento para combater a violência de forma efetiva.

“Não duvide quando uma mulher diz que é vítima de violência. O descrédito da sociedade e das autoridades faz com que muitas vítimas permaneçam em situações abusivas”, conclui Rosana Leite. A conscientização e o apoio contínuo são cruciais para enfrentar e erradicar a violência contra a mulher.

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Redação MT Política

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