A denúncia do Ministério Público Estadual (MPE) revela que os contratos celebrados pelas empresas envolvidas no “cartel da saúde”, desmascarado pela Operação Espelho, foram deliberadamente elaborados “com o intento de não serem cumpridos”. A secretária adjunta de Gestão Hospitalar da Secretaria de Estado de Saúde (SES), Caroline Campos Dobes Conturbia Neves, é apontada como uma das líderes do esquema.
A organização criminosa, segundo a denúncia, tinha como objetivo fraudar contratos tanto no Estado quanto em prefeituras do interior, não se limitando apenas a irregularidades no cumprimento de plantões médicos. O MPE sustenta que os contratos foram estrategicamente elaborados para permitir o desvio de dinheiro público.
Caroline Neves é acusada de elaborar justificativas inconsistentes para a contratação da empresa LB Serviços Médicos no Hospital Metropolitano, em Várzea Grande, sem levar em consideração as reais necessidades do hospital. Além disso, a denúncia aponta que ela atuava no favorecimento e direcionamento de licitações para as empresas integrantes da organização criminosa.
A denúncia do MPE também deixa em aberto a possibilidade de acusações adicionais, incluindo a participação de Caroline em uma organização criminosa, caso mais elementos sobre seu envolvimento no esquema sejam descobertos. Inicialmente, a secretária adjunta é acusada de peculato, caracterizado pelo desvio de dinheiro público ou obtenção de benefícios indevidos por um servidor público.
As revelações da Operação Espelho, que teve origem em uma denúncia sobre irregularidades na prestação de serviços médicos no Hospital Metropolitano, desencadearam uma série de bloqueios de bens, totalizando R$ 35 milhões, contra os envolvidos. A investigação revelou contratos fraudulentos não apenas no âmbito estadual, mas também em hospitais municipais. O desenrolar do caso será acompanhado de perto, enquanto a justiça busca responsabilizar os envolvidos nas práticas criminosas.