A vendedora Daiane Cristina Santos, de 34 anos, foi baleada por agentes da Polícia Militar (PM) no rosto enquanto tomava conta de um estabelecimento comercial da família, na zona leste da capital paulista, na noite de quarta-feira (6/12). Segundo familiares, ela perdeu a visão do olho direito.
Proprietária do bar, a irmã Cintia Santos, 38 anos, relata que Daiane trabalhou normalmente na Rua 25 de Março, onde vende flores. Na volta para casa, ela passou no estabelecimento comercial, localizado na Rua Dona Eloá do Valle Quatro, em Cidades Tiradentes, onde foi baleada pela PM.
Segundo a irmã, ela pediu para Daiane tomar conta do bar por alguns minutos porque precisava fazer algumas compras. Eram 19h30. O caso foi informado pelo jornal Folha de S. Paulo.“Ela ficou sentada no sofá, assistindo vídeo no TikTok”, relata ao Metrópoles. “Foi coisa de um minuto, não passou disso. Uma viatura da Polícia Militar passou, os policiais desceram com a arma em punho e atiraram nela”.
Justiça
O estabelecimento comercial fica perto de uma “biqueira”, como são chamados os pontos de venda de droga em São Paulo, de acordo com a família.
Em nota, a Secretaria da Segurança Pública (SSP) alega que a equipe da PM, então em patrulha na rua, teria visto “um suspeito traficando drogas”. Ao perceber a aproximação dos agentes, o homem tentou fugir.
“Durante a ação, houve disparo da arma de um PM, que atingiu duas mulheres, sendo uma de raspão. Ambas foram socorridas, receberam atendimento médico e estão fora de perigo”, diz a pasta. A arma também foi apreendida para perícia e o caso está sob investigação.
A versão oficial, no entanto, é contestada pela família. “Eles alegam tiroteio, mas é mentira. O disparo foi diretamente nela. Minha irmã só teve tempo de ouvir o barulho”, diz Cintia. Testemunhas da ocorrência afirmam que não havia movimentação do tráfico no momento do disparo.
De acordo com a familiar, a vendedora foi atingida no rosto e bala teria saído pela lateral da sua cabeça. Socorrida às pressas, ela está consciente, mas segue internada à espera de cirurgia.
“A única coisa que ela consegue falar é que Deus está no comando. Ele que salvou a vida dela. Só glorifica a Deus, não reclama de nada”, afirma Cintia. “Eu quero Justiça. Esse não pode ser mais um caso de uma negra pobre que vai ser esquecida”.