Mato Grosso enfrenta um aumento alarmante no desmatamento, com a perda de 2.086 km² de florestas nativas entre agosto de 2022 e julho de 2023, revela o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). O dado representa um aumento de 8% em comparação com o levantamento anterior, sendo que aproximadamente 72% dessa área foi desmatada sem autorização.
Os números são provenientes do Projeto de Monitoramento do Desmatamento na Amazônia Legal por Satélite (Prodes), que, ao divulgar a taxa oficial de corte raso nos nove estados da Amazônia Legal, apontou uma redução de 22% na taxa de desmatamento na região como um todo. No entanto, Mato Grosso seguiu na direção oposta, preocupando especialistas do Instituto Centro de Vida (ICV).
Em um relatório preliminar, o ICV expressa dúvidas sobre a capacidade do estado atingir as metas de redução do desmatamento estabelecidas em compromissos internacionais. O documento destaca que esse cenário coloca Mato Grosso distante da meta de reduzir o desmatamento para 571 km² por ano até 2030, compromisso assumido na Conferência do Clima em Paris, em 2015.
Os dados do Prodes indicam que Mato Grosso foi o segundo estado da Amazônia Legal com maior área desmatada, ficando atrás apenas do Pará. O relatório do ICV enfatiza que 72,5% do desmatamento em 2023 ocorreu em áreas sem autorizações válidas, destacando que a ilegalidade é concentrada em imóveis rurais registrados no Cadastro Ambiental Rural (CAR), especialmente em grandes propriedades com mais de 1.500 hectares.
O relatório também ressalta um aumento significativo nos desmates autorizados, alertando para a necessidade de desenvolver alternativas e práticas produtivas sustentáveis para preservar os remanescentes florestais.
O desmatamento se concentra em 10 municípios, sendo Colniza o campeão, seguido por Nova Maringá, Nova Ubiratã, Juara, Marcelândia, Feliz Natal, Aripuanã, União do Sul, Porto dos Gaúchos e Apiacás. Feliz Natal liderou em desmatamento autorizado, representando 66% da área aberta no município.
Dentre as áreas protegidas afetadas, 1,5% do total desmatado ocorreu em Terras Indígenas (TIs) e Unidades de Conservação (UCs) de Proteção Integral, com destaque para a TI Manoki e a Estação Ecológica do Rio Roosevelt II.
Esses números serão certamente um tópico crucial durante a Conferência do Clima de Dubai (COP-28), nos Emirados Árabes, em menos de um mês. O ICV reforça a necessidade de ações efetivas para reverter esse cenário preocupante.