O Comandante-geral do Corpo de Bombeiros de Mato Grosso, Alessandro Borges, afirmou que as descargas elétricas causadas por raios são responsáveis pelos incêndios florestais que assolam os parques e o Pantanal mato-grossense. No entanto, esse posicionamento tem sido contestado por climatologistas.
Segundo o Instituto Centro de Vida (ICV), aproximadamente 900 mil hectares, equivalente a 6% do bioma, já foram afetados pelos incêndios no Pantanal. O Estado declarou emergência, mas enfrenta críticas de autoridades devido à demora nas ações.
“Nesse caso específico foi uma questão da natureza. Nós tivemos descargas elétricas naquela região, onde teve início de uma propriedade privada, próximo do Parque Encontro das Águas. Também tivemos raios no Parque Nacional do Pantanal e na reserva do Dorochê, que é de responsabilidade do governo Federal. No Pantanal, próximo do Jofre, foram por descargas elétricas. Nós estamos aprofundando nossas análises, mas tudo indica que foi isso que aconteceu”, declarou Alessandro Borges à rádio Capital.
De acordo com o ICV, o Parque Estadual Encontro das Águas, principal unidade de conservação de onças-pintadas, teve mais de 36 mil hectares afetados, cerca de 33% da área total. Outros locais, como o Parque Nacional do Pantanal mato-grossense e a Reserva Particular do Patrimônio Natural Fazenda Estância Dorochê, também foram significativamente atingidos.
O Boletim de Risco de Incêndio da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) identificou 2.036 focos de calor no Pantanal de Mato Grosso, com Poconé, Barão de Melgaço e Cáceres liderando a lista.
Apesar da explicação do comandante, o climatologista Rodrigo Marques, da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), discorda. Ele aponta que o estado tem dificuldades em admitir que o uso de queimadas é o principal método de limpeza de áreas para agropecuária, e também não reconhece a falta de controle em relação aos incêndios criminosos. “Infelizmente no Estado de Mato Grosso há imensa dificuldade em admitir que o uso de queimada é o principal método de limpeza de áreas que são utilizadas para fins agropecuários. O Estado de Mato Grosso costuma culpar tudo, só não consegue reconhecer isso”, afirmou o climatologista em entrevista.